AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA E A ANÁLISE APLICADA DO COMPORTAMENTO
O que é a avaliação neuropsicológica?
A
avaliação neuropsicológica é um estudo completo das funções cognitivase
comportamentais do indivíduo. Através dos resultados, verificaremos quais são
as áreas que estão preservadas, prejudicadas, inexistentes ou as existentes e
que necessitam serem mais desenvolvidas, associadas ao que podem acarretar no
comportamento do ser humano. Na visão de Muszkat (2010), a neuropsicologia
busca compreender a relação entre o comportamento e as bases neurobiológicas,
assim como, o efeito de lesões cerebrais no funcionamento cognitivo.
Público Alvo
A
avaliação neuropsicológica é destinados a crianças, adolescentes e idosos
Como é feita a avaliação neuropsicológica?
É feita
através de instrumentos padronizados (testes psicométricos, escalas,
observações, relatos de profissionais e pessoas que cercam a pessoa).
Que profissional está apto a fazer a
avaliação neuropsicológica?
Apenas os
psicólogos
O que avalia?
As funções
cognitivas, entre elas, atenção, memória, percepção, linguagem, aspectos da
personalidade, viso construção, quoficiente de inteligência (verbal e
execução), percepção, velocidade de processamento, aprendizagem, habilidades
motoras, funções executivas, abstração e raciocínio. Além disso, são observados
e analisados aspectos da cognição social.
A partir dos resultados
Após o término da
avaliação neuropsicológica e da correção dos instrumentos utilizados será
entregue um relatório na sessão da devolutiva. Esse relatório envolve a conclusão
da avaliação, ou seja, todas as informações que foram investigadas e obtidas no
processo de avaliação neuropsicológica e o que elas acarretam no dia a dia do indivíduo,
auxiliando em um possível diagnóstico
e no tratamento de diversas doenças neurológicas, problemas relacionados ao
desenvolvimento infantil, problemas psiquiátricos, alterações de conduta, entre
outros. Segundo, Costa,
Português, Azambuja e Costa (2004) afirmam que a neuropsicologia infantil
tornou-se essencial para as consultas periódicas da saúde infantil para obter
uma identificação precoce das alterações nos aspectos cognitivos e
comportamentais da criança, principalmente em distúrbios de desenvolvimento e
aprendizagem, sendo necessária assim a presença dos testes neuropsicológicos e
escalas para avaliação do desenvolvimento.
O
que é a analise aplicada do comportamento?
A Análise Aplicada do
Comportamento (Applied Behavior Analysis) é uma abordagem científica criada
para observar e analisar a função do comportamento. O comportamento é a relação
entre o organismo e o ambiente. Na avaliação comportamental utiliza-se a
análise funcional do comportamento, ou seja, identifica-se a função do
comportamento e o que o mantem. De acordo com Meyer (1997), a análise funcional
é um instrumento utilizado na avaliação comportamental que identifica as
contingencias que estão operando e inferem quais as que operaram no passado.
Assim como, cria e estabelece relação de contingência para aprimorar ou
instalar comportamentos novos, diminuir, enfraquecer ou eliminar comportamentos
do repertório dos indivíduos.
O que avalia?
A análise
aplicada do comportamento é a ferramenta essencial para saber o que mantem,
motiva ou aumenta a probabilidade do comportamento acontecer. Para realizar a
análise funcional do comportamento-alvo é necessário utilizar a tríplice
contingência: Estímulo antecedente
(o que aconteceu imediatamente antes do comportamento), Resposta (comportamento) e Consequência
(o que aconteceu imediatamente após o comportamento).
Público
Alvo
Não há restrição para o público
alvo, porém a comprovação de melhoras em crianças do espectro do autismo.
Como
é feita a análise aplicada do comportamento
A análise aplicada do
comportamento é feita através do uso de esquemas de reforçamento para ensinar
as habilidades. Seja o ensino por tentativas discretas, ensino incidental
(generalização) e ensino de linguagem (comportamento verbal).
Que
profissional está apto a fazer a análise do comportamento?
Pais e profissionais das
crianças indicadas para a terapia comportamental
A
partir dos resultados?
Após os resultados da análise
aplicada do comportamento, será estabelecido um PEI (Programa de Ensino
Individualizado), onde se instala aumentar, diminuir ou enfraquecer e eliminar
comportamentos no repertório do indivíduo. Isso é feito através de treinos de
programas. Normalmente os repertórios de comunicação do indivíduo envolvem o
mando, tato, ecóico, comportamento de ouvinte, brincar independente, imitação
motora, habilidade e percepção visual, intraverbal, rotina de classe,
atividades em grupo, escrita, leitura e matemática e estrutura linguística. A
aprendizagem de repertórios é feita através da aprendizagem sem erro,
garantindo que o indivíduo acerte sempre a resposta, diminuindo assim, a fuga
da demanda. São utilizadas dicas no ensino, que podem ser verbais, gestuais,
físicas e por modelação (mostrar à criança como fazer tal coisa). É necessária
também a utilização da hierarquia de dicas, ou seja, planejar o ensino inicial
com dicas mais intrusivas e as retirando gradualmente. Para saber se o treino
foi eficaz, a criança precisa ser capaz de generalizar os comportamentos e saber
emiti-los em diversos contextos.
Conclusão
As pessoas acreditam que tanto a
avaliação neuropsicológica como a análise aplicada do comportamento caminham
separadas, porém isso é um grande equívoco. Muitas vezes a avaliação
neuropsicológica é feita e se tem um diagnóstico, por exemplo, de autismo. A
avaliação por si só não quer dizer nada aos pais, que estão aflitos a procura
de uma resposta, ou melhor, o que fazer com a resposta (diagnóstico). Enquanto
a avaliação neuropsicológica colhe dados para ajudar no diagnóstico, buscando a
relação entre o cérebro e o comportamento, a avaliação comportamental analisa
variáveis independentes (condições externas das quais o comportamento é função)
e as variáveis dependentes (as respostas ou classes de respostas que são
observadas) que estão envolvidas na ocorrência e manutenção do comportamento
problema, selecionando assim o procedimento adequado a ser seguido, que poderá
ser modificado ou alterado de acordo com a resposta dada pela criança. Com
isso, fica mais fácil elaborar um currículo de habilidades a serem treinadas. Pontes e Hubner (2007) ainda
ressaltam que tanto a avaliação comportamental como a neuropsicológica, tem um
proposito semelhante que seria a preocupação de ambos em compreender o
comportamento humano. Os dois testes se complementam, mas não são
substituíveis. A avaliação neuropsicológica compreende os problemas cognitivos,
porém não consegue avaliar como o paciente e a sua família são afetados com
esses problemas e como enfrentar essas situações no dia a dia e os ganhos na
vida real. Nesse sentido a avaliação comportamental soluciona os problemas. Portanto,
a principal característica que ambas tem é
se preocupar em compreender o
comportamento humano e auxiliar o indivíduo a conseguir maior autonomia e
melhorar a qualidade de vida.
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Claudia Feller
Psicóloga Neuropsicologa e Analista do Comportamento