o paciente psiquiátrico e seus lugares na cena contemporânea, com alfredo simonetti (versão completa)
“foucault fala sobre o ‘louco’ na idade média, que era assimilado, mas não valorizado. ele dava o que o cidadão comum não podia: ele podia falar o que quisesse. temos, assim, no imaginário que o louco é mais ‘criativo’ que as pessoas normais, mas não há correlação. há loucos criativos e loucos nada criativos. e há pessoas criativas que enlouqueceram e pessoas criativas que nunca enlouqueceram. a literatura, o cinema e a arte criaram estigmas do louco violento e a ideia de que o louco é mais criativo”, disse o psiquiatra e psicanalista alfredo simonetti no café filosófico cpfl de sexta-feira, 23/09 sobre “o paciente psiquiátrico e seus lugares na cena contemporânea”.
“eu posso ser uma pessoa estranha, esquisita, ter interesses assim ou assado, mas já vi loucos sofrerem muito. por respeito à angustia que enxergo neles, não posso dizer que sou louco. isso é um desrespeito para com os loucos de verdade. a angustia deles é dilacerante. podemos ser diferentes ou esquisitos, mas isso é loucura glamourizada. eles não desfrutam da loucura como a gente desfruta do nosso lado esquisito. o meu lado ‘louco’ me leva a curtir a vida intensamente. o lado deles os esconde da vida”